terça-feira, 31 de agosto de 2010

O escritor fantasma


Veio a calhar a estréia de "O escritor fantasma" com o momento "estudioso" da minha vida. Estou fazendo um curso com o Sérgio Rizzo, na Casa do Saber, sobre Grandes mestres do cinema e um dos estudados é Roman Polanski, o diretor deste filme. Bom, relendo esta frase me parece diminuí-lo ao caracterizá-lo pela sua última obra, sendo seu legado para o cinema de tamanha importância.

Tive o prazer neste tempo de assistir a "Lua de Fel" e a "Oliver Twist", fora os muitos outros que fazem parte da sua filmografia como "O bebê de Rosemary" e "O Pianista" e perceber as particularidades de um diretor tão aclamado e controverso em sua vida pessoal.

Por isso, talvez, se o filme fosse dirigido por outro cineasta eu teria achado um grande feito, mas para Polanski, não.

Vamos falar do filme agora. É super legal mesmo, um roteiro que te prende a história, graças também ao trabalho do roteirista Robert Harris (escritor do livro The Ghost).

Junto com Evan McGregor, escritor contratado para escrever a biografia de Adam Lang (Pierce Brosnan), o espectador é levado para dentro da atmosfera de tensão (típica de Polanski) e descobre aos poucos o segredo do ministro britânico, segredo este que faz alusão a história recente da Inglaterra com Tony Blair.

Dos que estão em cartaz hoje, este é um dos imperdíveis. Se estiver interessado em conhecer a filmografia de Polanski, então, este se torna um dos "perdíveis".

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Vincere


Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, o filme do cineasta Marco Bellocchio é sobre a história da amante secreta de Mussolini. Polêmico e forte são os adjetivos mais congruentes para esta biografia de um dos homens mais controversos da história. Ela trata de abranger o lado psicológico do fascista italiano, remontando apenas o início de sua história na política, quando jovem sindicalista, para ambientar seu romance com Ida Dasler (Giovanna Mezzogiorno).
O ator que o interpreta quando jovem e mais adiante como seu próprio filho (Filippo Timi) é espetacular, parece que nasceu para este papel.
O título é o nome de uma música famosa chamada Vincere, angustiante e dramática como o próprio filme.
Ida é uma mulher apaixonada que abre mão de todos os seus bens para ajudar Mussolini a inaugurar o seu jornal, primeiro passo para expor as suas idéias.
A história deles a princípio é tão engajada e mútua que nos esquecemos, assim como ele, que é casado e tem uma filha, não obstante, não demora muito para que a trama nos recorde e acabe com o “conto de fadas” de Ida.
Conforme vai ascendendo politicamente, Mussolini se distancia de Ida, que concomitantemente engravida e tem um menino (frase emblemática dita por ele a Dasler – antes um batismo que um funeral). Bom, a partir daí é só se preparar para sentir raiva, já que o ditador em questão, põe todo o seu pouco caráter em prática e não só desaparece como a separa do filho e a interna em um instituto psiquiátrico.
O que acontece depois não vou contar para não perder a graça e nem tirar as esperanças de vocês. Por último, acho importante falar dos aspectos cinematográficos. O diretor não contentou-se apenas com a forte história que tinha nas mãos e inovou muito na fotografia e na sobreposição de imagens documentadas do próprio Mussolini, o que dá um aspecto bem mais real a trama.
Realmente esse não da pra perder, principalmente se for fã de um bom drama como eu.
  • Ponto forte: diálogo de Ida com o psiquiatra
  • Ponto fraco: para alguns, dramático demais
  • Prestatenção: cenas em que eles vão ao cinema, mudo na época, com músicos tocando a trilha sonora ao vivo, simplesmente o máximo.
  • Veja o trailer: http://www.youtube.com/watch?v=ldYi82S__kY

domingo, 8 de agosto de 2010

A Origem

Eu tinha muitas expectativas sobre o filme A Origem, um dos mais aguardados do ano.
O diretor Christopher Nolan conhecido por filmes intrigantes como Amnésia, Insônia e o Grande Truque consolida sua inclinação ao suspense em A Origem. A história que tem quase 3 horas te deixa apreensivo do começo ao fim com a nova missão que recebe Leonardo Di Caprio, um "invasor" de sonhos. Só que desta vez não será apenas um trabalho, mas também sua oportunidade de voltar para casa. No caminho ele e seu inseparável colega de trabalho Arthur (Joseph Gordon-Levitt), contam com a ajuda de um falsificador, um alquimista, uma arquiteta interpretada pela Ellen Page (atriz de Juno) e o mandante do negócio sendo a trama inteira "assombrados" pela magnifica Mal (Marion Cotillard).
O conceito parte da suposição que uma pessoa pode entrar no sonho de outra e participar dele ao ponto de causar mudanças em sua atitude na vida real. Até aí, super bacana. A filmagem segue a linha do tudo é possível (e realmente tudo foi possível) no mundo dos efeitos especiais de hoje, prepare-se para muitas cenas sem gravidade, em slow motion da melhor qualidade, diversos planos sobrepostos e cenários incríveis. Somando um ao outro ganhamos com certeza um sucesso de bilheteria, mas... conforme disse no início, as expectativas eram grandes e não foram atingidas. O conceito é tão bom que parece ter subido a cabeça do diretor de forma que ele inseriu a idéia dentro dela mesma 2 vezes. Bom, daí pareceu que isso foi feito só pra ter mais tempo de exibir efeitos especiais, que desembocam em violência, tiros e explosões (bom, eu sou mulher e essas coisas me irritam) ao invés de se concentrar no onírico que é mil vezes mais interessante.
De qualquer maneira, vale muito a pena assistir, mesmo porque ficar de fora deste forte candidato a diversas indicações ao Oscar não pega bem. No final das contas, você estará em frente a um grande filme em termos de entretenimento, mas não de uma grande história.
  • Ponto forte: efeitos especiais
  • Ponto fraco: reproduzir o mesmo conceito 3 vezes
  • Prestatenção: trilha sonora do filme toda dedicada a Edith Piaf, cujo a biografia foi interpretada no cinema justamente pela Marion Cotillard
  • Tem a ver: filme "A cela"
  • Veja o trailer: http://www.youtube.com/watch?v=GvyvP0ldyNs

domingo, 1 de agosto de 2010

Salt

Luz, câmera, ação! É exatamente o que esperar de Salt, o Identidade Bourne for women. Misturar ação e Angelina Jolie dificilmente pode dar errado. Jolie, como sempre, está lindíssima em suas diversas versões: loira, morena, de cabelo curto ou comprido e sempre magérrima (até demais - Ei, Brad Pitt, leva essa mulher pra comer!). Achei a trama mediana e um tanto confusa. Normalmente esses filmes deixam aquela sensação de ansiedade para descobrir o porque de tudo aquilo estar acontecendo, mas não foi isso que provocou em mim, me senti confusa, como se tivesse perdido alguma parte e por isso não entendia (o que foi rapidamente resolvido no final). Como não sou nenhuma expert em filmes de ação, perguntei a outras pessoas, mais qualificadas que eu neste gênero, se haviam gostado e o resultado foi que ninguém se apaixonou pelo filme,
mas por ela... unanimidade é a palavra certa.

Uma noite em 67


Saudades daquilo que eu não vivi. É esta a sensação que dá ao assistir o documentário dirigido por Terra e Calil, que tem por essência justamente desmistificar o que foi aquela noite em 67. A abordagem deste filme é inusitada pelos depoimentos, tanto dos artistas que participaram, como dos organizadores deste evento; que nada mais foi do que um programa de televisão ao vivo, da Rede Record, que precisava dar certo. O festival contava com uma platéia enérgica que vaiava demais e aplaudia na mesma medida; e foi justamente ela que deu a vida que aquilo tudo merecia. Mas, o documentário não traz apenas os finalistas do festival se apresentando, mostra também os bastidores: as perguntas dos repórteres (bem perdidos, tentando entender o que estava acontecendo). Ressalto a entrevista de Caetano Veloso, onde ele responde sobre o que seria o Pop, é absolutamente inusitado alguém conceituar o que seria aquilo no presente com tanta lucidez. Bem, o filme revela bem isso tudo: eles estavam fazendo história sem se dar conta ao certo do impacto daquilo. Nem preciso dizer que dá vontade de cantar o tempo todo, pois aquelas músicas fazem parte da cultura brasileira (e não só) muito vividamente até hoje, mesmo que não tenham hoje o sentido que tiveram no passado. Uma abordagem muito pertinente sobre o tema foi a do esquecimento: Chico Buarque e Caetano não se lembraram ao certo das letras de Roda Viva e Alegria, Alegria e quase todos fazem questão de dizer que não gostaram de ficar caracterizados apenas por aquelas canções. No âmbito particular, é muito tocante ouvir deles a saudade da juventude, de serem mais bonitos e flexíveis. Apesar do documentário seguir a linha anti-saudosista, é impossível não ter vontade de ter estado lá. É bem compreensível que os artistas demonstrem não ter saudade daquela época, pois estavam sob regime militar e a maioria foi preso e exilado do país. Vou falar uma frase que é bem batida, mas retrata bem o porque de não termos mais composições (principalmente em termos de letra) como as daquela época: o sofrimento é necessário para a boa criação, ou seja o engajamento deles com a política e por tudo o que lhes aconteceu posteriormente impulsionaram a criação de letras muito profundas e de melodias inéditas. A acomodação (não gosto deste termo, mas não encontro outro melhor) de hoje não permite toda essa vontade do novo, infelizmente. Nos dias atuais, temos que nos contentar com American Idol e suas versões nacionais que nos fazem rir dos candidatos cantando músicas que foram compostas por estes maravilhosos compositores no passado, sem nada novo. Não podemos culpar os candidatos, mas talvez os organizadores poderiam ter mais criatividade, pois o show business atual tem muita capacidade para isso.
Bom essa resenha está mergulhada em "achismo" de uma pessoa que, como tantas outras, está acostumada a repetir o que lê e escuta por aí, por isso gostaria que vocês fossem assistir a Uma noite em 67 e comentassem aqui, de preferência discordando de mim.
fica a dica: reportagem da revista Bravo! sobre o documentário na edição de Agosto/10.